Com pesar, ontem (22.07.2014), recebi a informação sobre uma reportagem exibida no Jornal da Record na noite anterior. A reportagem é sobre o Ministério Público Federal ter denunciado irregularidades no concurso para professores do IFSP. Na internet, o vídeo já teve mais de 4.000 visualizações. Depois houve a divulgação da notícia pelo site do Ministério Público Federal, confirmando este capítulo triste.
Esse concurso tem sido um grande dissabor na minha atuação como membro do Conselho Superior. Há pouco tempo, ouvi do Prof. Crounel Marins (ex-conselheiro), que a principal função de um conselheiro é impedir que a gestão cometa erros dos quais se arrependa depois. Mas, nesse caso, os gestores não deram oportunidade aos conselheiros para impedirem esses erros.
Desde novembro de 2013, eu publiquei vários textos com críticas sobre esse concurso, esperando um diálogo que conduzisse a uma melhora no processo. Porém foi em vão.
Em junho de 2014, durante a segunda e mais contestada fase desse concurso, as minhas críticas foram respondidas com ataques e ofensas pessoais. Neste período, inclusive, uma crítica minha sobre a morosidade da Ouvidoria do IFSP foi respondida com a ameaça de abertura de um processo pelo Ouvidor Geral do IFSP. Um completo absurdo!
Em 09.06.2014, o Conselheiro Antonio A. T. P. de Moraes solicitou a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho Superior do IFSP, em caráter de urgência, a fim de discutir os problemas ligados aos concursos públicos em andamento. Porém essa solicitação foi ignorada.
Em minha opinião, alguns erros seriam facilmente evitados - bastava bom senso, pois a maior parte das irregularidades apontadas pelo Ministério Público deriva da decisão de se concentrar as provas no Campus São Paulo em cinco dias. Essa decisão, conforme Comunicado da reitoria, era um esforço com objetivo de garantir a homologação do concurso até o dia 03 de julho.
Precisava dessa concentração? Essa concentração foi, no mínimo, problemática. Lembro que uma das publicações dos resultados foi agendada para o dia 23 de junho às 18h. Esse horário era exatamente o momento do intervalo do jogo do Brasil contra Camarões. Qual a probabilidade de alguém publicar um resultado errado durante um jogo do Brasil na Copa do Mundo?
Outro problema é a qualidade dos documentos elaborados pela reitoria do IFSP. Eu tenho achado os documentos do IFSP muito ruins. Em 14.02.2014, eu escrevi sobre o Edital do Concurso e fui lacônico: o Edital era horrível.
Em 11.06, eu escrevi sobre a necessidade de envolvimento da Procuradoria Jurídica do IFSP (ligada à AGU), porém não ouvi nada nesse sentido. E fica cada vez mais claro, inclusive pela reportagem da Rede Record, a preferência do Reitor pelos seus assessores (são todos concursados?).
Em minha avaliação, caso o processo tenha andamento no Judiciário, por meio da Ação Civil Pública proposta pelo MP, será possível o IFSP reverter o pedido de anulação, porém o sofrimento dos candidatos (aprovados ou não) e o prejuízo para a imagem da instituição são irreversíveis. É um triste capítulo.
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