Um ano do Impeachment: como está o IFSP?

Há um ano, em 31.8.2016, ocorria o afastamento da presidente Dilma por meio de um processo de impeachment, claramente decorrente da perda de apoio político. Acredito que, hoje, a maioria dos brasileiros saiba como se conquistava e como se perdia apoio político no congresso nacional.

Nesse um ano, estamos conhecendo o que é o Governo Temer que, apesar de ter sido eleito na chapa Dilma-Temer, apesenta uma proposta muito divergente do projeto da presidente Dilma (escolhido pela maioria dos brasileiros na eleição de 2014).

Em relação à Educação, o Governo Temer lançou a “reforma do ensino médio”. Basicamente, a proposta consiste em aumentar a carga horária em sala de aula. Para isso, será necessário muito recurso (dinheiro!), pois é preciso ter mais professores e ter mais estrutura. Porém o governo vive dizendo que não tem mais dinheiro. Então como realizar essa reforma? Eu acho que é apenas um projeto para ficar no papel.

Na falta de projetos para a Educação, o Governo Temer mirou os servidores federais. Estamos tendo de conviver com o terror da reforma da previdência, com o congelamento dos salários e com a proposta de uma absurda “nova carreira”.

Esses temas deveriam estar fervilhando dentro do IFSP, e a Instituição deveria estar na vanguarda em um projeto de garantia da qualidade do ensino profissional. Porém não é isso que eu tenho visto.

Após o afastamento da presidente Dilma, o que me chama a atenção é a forma como os dirigentes do IFSP estão com o foco em “buscar verbas”. Isso se tornou um mantra na instituição. Virou uma guerra em que cada dirigente quer “mostrar serviço”.

Para se ter uma noção, um diretor-geral publicou uma matéria colocando um prefeito como um verdadeiro salvador da Educação Nacional (eu não vou passar a ficha do prefeito em respeito aos meus poucos leitores). Sabe o que esse prefeito tinha feito de bom para o IFSP? Aumentado um horário de uma linha de ônibus.

Outro diretor-geral tem celebrado o fato de ter a promessa de uma terraplenagem “garantida” com o prefeito. E assim vai. São vários os casos.
Mas quem são esses prefeitos, vereadores e deputados que agora são enaltecidos no IFSP? Eles são defensores de uma educação pública de qualidade?

Também fiquei admirado com a mudança de posição de alguns dirigentes após a saída da presidente. Um diretor-geral que, na época da Dilma, vivia implicando com o uso político da instituição, agora gasta tempo nas redes sociais publicando a hashtag “#ficatemer”.

Outro caso que chama a atenção é a notícia da abertura de um campus do IFSP na cidade de São José do Rio Preto. Em um grupo do Facebook, que sempre foi de enaltecer as ações do Reitor Modena, o anúncio do campus em São José é celebrado com uma enorme festa. O prefeito da cidade é do PMDB e bem ligado ao presidente Temer.

Após um ano, acho que a comunidade do IFSP está anestesiada com base em doses diárias de migalhas.